30 de nov. de 2010

Seria o Sal o grande vilão?


   Olá! Quem está postando hoje é a Bruna, e eu gostaria de apresentar a vocês algumas informações importantes e curiosidades com relação ao consumo de sal e os efeitos que seu uso indiscriminado pode causar em nosso organismo. Espero que aproveitem as informações apresentadas. Boa leitura! 
  O consumo de sal é fundamental para a regulação dos fluidos corporais e para a transmissão de impulsos nervosos, mas, quando consumido abusivamente, retém uma quantidade de água muito grande em nosso corpo, contribuindo para o aumento da pressão arterial. 
  Isso acontece porque quando uma pessoa ingere muito sal, essa substância se acumula no sangue e no fluido extracelular, fora das células do corpo. O sódio presente no NaCl (sal de cozinha), aumenta a afinidade desses fluídos por água e o organismo, para a manutenção do equilíbrio osmótico, acaba retendo mais água.  Essa absorção faz aumentar a quantidade de sangue circulando nos vasos e, assim, a pressão arterial.  É por isso que o sal é considerado, em muitos casos, o grande vilão dos hipertensos! 
   Para suprir essa necessidade ''extra'' de água pode-se bebê-la, para que seja absorvida. Caso isso não ocorra, os hormônios antidiuréticos podem ser liberados, fazendo os rins reterem mais água.  É por isso que sentimos mais sede quando ingerimos alimentos muito salgados!
   Estimativas apontam que nós, brasileiros, consumimos de 12-15g de sal diários enquanto a média recomendada pela OMS é de 6g por dia. E acredito que você já tenha uma idéia de que as delícias culpadas por esse consumo abusivo são, principalmente, alimentos e temperos industrializados, tais como: caldo de carne, salgadinho, salsicha, enlatados, queijos, cachorro quente, linguiça, mortadela, pizza, catchup, mostarda, salame. 

   Esses alimentos, pela sua praticidade e pelo grande apelo comercial para seu consumo, vêm substituindo cada vez mais as refeições naturais e, associados à diminuição do consumo de verduras e cereais (alimentos ricos em potássio),  têm seus efeitos sobre a pressão arterial aumentados. Isso porque o potássio atua na regulação de líquido dentro da célula, e sua ingestão pode atuar na diminuição do excesso de água fora da célula, promovido pelo abuso de sódio.
Você já comeu algum desses alimentos hoje?
   Vale ressaltar também aos nossos jovens internautas que é erradíssimo pensar em diminuir o consumo de sal apenas quando ficarem velhinhos! Apesar de, realmente, os idosos serem os mais acometidos por hipertensão (mais de 50% deles), estudos comprovam que indivíduos que abusem do consumo de sal durante a infância e adolescência, além de sofrerem mais com a adaptação a uma dieta com menos sódio quando for necessário, já podem apresentar alguma elevação na pressão sistólica e têm multiplicadas as chances de desenvolverem hipertensão durante a vida adulta.
  Por esses motivos, busquem uma alimentação adequada, com menos gordura e sal e mais fibras, frutas e verduras: vocês estarão auxiliando seu organismo e possibilitando um envelhecimento saudável!

  Devido à ação de hormônios, as mulheres, de modo geral, são mais "protegidas" contra os efeitos do sal até a menopausa. Depois disso, o risco de ter hipertensão é mais acentuado nelas do que neles!
  Consumir sal em excesso NÃO causa celulite: a retensão de água que o sal promove é intravascular, e não na pele; isso pode causar inchaço nos dedos dos pés ou das mãos, mas não celulite!
 Os doces não estão liberados: produtos adocicados com ciclamato de sódio contém sódio e, assim como o sal, devem ser evitados pelos hipertensos!
  Os negros são mais sensíveis ao consumo de sódio, fato que pode estar ligado à menor excreção urinária encontrada neste grupo!

Referências Bibliográficas:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-89102003000600009&lang=pt
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000700048&lang=pt
http://drashirleydecampos.com.br/noticias/22640
http://www.revistavigor.com.br/2008/04/21/hipertensao-arterial-consumo-excessivo-de-sal-nos-alimentos-industrializados/
http://scholar.google.com.br/scholar?q=sal+e+press%C3%A3o+arterial&hl=pt-BR&btnG=Pesquisar&lr=

27 de nov. de 2010

Hormônios sexuais e saúde vascular

Oi gente, aqui quem está postando é a Rebeca e hoje vou falar um pouco da influência dos hormônios sexuais no nosso sistema vascular. Sabemos que uma das grandes preocupações dos médicos e dos estudiosos é entender as causas das doenças causadas nesse sistema, pois são doenças de alto risco e com alta taxa de mortalidade. Percebemos no nosso dia a dia que as doenças vasculares são mais comuns em homens mais velhos que em mulheres. E que nas mulheres é mais comum na menopausa.


Durante o envelhecimento masculino a concentração sérica (do sangue) de testosterona diminui independente de doença que a pessoa possa ter e com isso os receptores dos andrógenos são espalhados nos tecidos vasculares por algum motivo desconhecido ainda. Não é só a idade que faz os níveis de testosterona caírem, mas também o tabagismo, a obesidade, o alcoolismo. Podemos perceber, na figura abaixo, que a diminuição da testosterona é maior depois dos 50 anos.


 Essa queda da testosterona com o envelhecimento altera o organismo do homem, já que ela tem função vascular e ventricular. A função ventricular da testosterona foi testada em ratos que, ao sofrerem orquiectomia (retirada do testículo), tiveram alterações na massa corpórea e peso cardíaco. Além disso, observou-se também uma redução na pressão sistólica de pico, da fração de ejeção de sangue e do consumo de oxigênio no miocárdio. Quando a pressão sistólica diminui, aumenta a probabilidade de derrames, ataques cardíacos e morte cardiovascular. No sistema vascular foi observada a diminuição de placas ateroscleróticas na aorta devido à testosterona. A testosterona influencia também aumentando a vasodilatação das artérias. Mas ainda existem controvérsias na literatura em relação à atuação da testosterona nas doenças coronárias. Ou seja, no envelhecimento todas essas funções são alteradas já que a produção de hormônio diminui. A redução não tem efeitos apenas no sistema vascular, mas em vários aspectos do organismo tanto fisiológico como psicológico, causando o chamado DAEM (declínio androgênico do envelhecimento masculino).


Quando a mulher está no climatério (período de transição da fase reprodutiva e não-reprodutiva) ocorre uma deficiência de hormônios esteróides sexuais. Uma das explicações para os problemas vasculares nas mulheres durante/após esse período de climatério deve-se ao fato de que um dos benefícios do estrogênio é o aumento da produção de proteína de baixa densidade (HDL) e a degradação da proteína de alta densidade (LDL), resultando em um balanço benéfico no metabolismo. Após a menopausa, a mulher desenvolve um metabolismo lipídico, ou seja, mais aterogênico, aumentando o nível de LDL e diminuindo o de HDL. Estudos mostram que o estrogênio traz benefícios à parede dos vasos sanguíneos, inibindo a proliferação de células do tecido liso muscular evitando a formação de ateroma e processos inflamatórios vasculares e ele  também promove o relaxamento dos segmentos vasculares arteriais, age  sobre os miócitos cardíacos diminuindo as anormalidades cardíacas, como a arritmia. Isso explica o porquê de a mulher também ao envelhecer ser mais propensa ao desenvolvimento de doenças vasculares.  

Por conta dessa redução hormonal durante o envelhecimento, é comum médicos passarem para as mulheres que entram na menopausa e os homens, no DAEM, algum tipo de reposição hormonal; mas esse uso ainda tem sido discutido avaliando os benefícios e malefícios desse tratamento. Pois, no caso das mulheres, há estudos que indicam que essa reposição hormonal desenvolve o câncer de mama, por isso não é indicado que se tome esses medicamentos sem prescrição médica. 





Referências Bibliográficas:
http://www.cardiologychannel.com/hypertension/overview-of-high-blood-pressure.shtml

23 de nov. de 2010

Pressão Arterial

Assíduos e tesudos leitores do blog,


Faremos uma explicação geral sobre pressão arterial antes de colocar posts sobre saúde vascular e bioquímica da hipertensão propriamente ditos.
           
            O coração humano é dividido em quatro câmaras, sendo as duas superiores os átrios e as duas inferiores os ventrículos. O sangue chega ao coração pelos átrios, donde é bombeado para os ventrículos correspondentes e destes para os pulmões (ventrículo direito) e para os tecidos do organismo como um todo (ventrículo esquerdo).
            A contração alternada do músculo do coração (miocárdio) nas câmaras cardíacas superiores e inferiores aplica uma força sobre o sangue, que é transmitida à face interna dos vasos sanguíneos e gera pressão sobre eles. Sendo as artérias os vasos que recebem o sangue imediatamente após ele ter passado pelo coração, é mais fácil verificar a pressão sanguínea nelas.
            A contração das câmaras cardíacas recebe o nome de sístole e seu relaxamento, diástole. Durante a sístole dos ventrículos, a pressão sobre os vasos sanguíneos é máxima, e durante a sístole dos átrios – momento em que os ventrículos estão em diástole – é mínima.
            Um estudo realizado nos EUA mostrou que cerca de 25% dos pacientes apresentam uma pressão arterial maior quando a têm medida por um médico, o chamado efeito do jaleco branco. Para evitar erros decorrentes de tal circunstância, é mais recomendado realizar a aferição de pressão fora de um ambiente médico, em situação mais informal.


Eis um esfigmomanômetro aneroide.
Aaaaaaaahn, que bonitinho!

O aparelho mais comumente utilizado para aferir a pressão sanguínea é o esfigmomanômetro – sim, aquele pulseirão com uma bombinha e um reloginho tem esse nome comprido e esquisito, e o que costumamos usar é o do tipo aneroide (há os de mercúrio e os digitais também). O do tipo aneroide é composto por uma bolsa inflável que fica dentro de uma braçadeira, do bulbo (a bombinha) e de um manômetro, que é o reloginho medidor de pressão. Ele é usado com o auxílio de um estetoscópio, e são estes os passos para aferir a pressão com o aparelho:

1 – Prenda a braçadeira em torno do braço do paciente.
2 – Comprima o bulbo até que não mais se ausculte fluxo sanguíneo parcial na região da fossa cubital (a parte da frente do cotovelo).
3 – Leia a pressão medida nesse momento.
4 – Deixe a bolsa esvaziar. Num primeiro momento, será auscultado um fluxo parcial de sangue. Espere o momento em que, deixando a bolsa esvaziar progressivamente, mais uma vez nada se ausculte na fossa cubital.
5 – Leia a pressão medida nesse momento.

            A pressão lida no passo 3 é a pressão máxima ou sistólica, e a lida no passo 5 é a mínima ou diastólica. O esfigmomanômetro funciona baseado no princípio de que a pressão externa sobre um vaso sanguíneo – no caso a artéria braquial, principal artéria do membro superior – não pode ser maior que a interna para haver fluxo sanguíneo.
            Quando o fluxo do sangue por um vaso é constante ou ausente, nada se ausculta com um estetoscópio colocado sobre ele, diferente do que ocorre com um fluxo descontínuo. Ao comprimir a artéria braquial até que nada se ausculte na fossa cubital, está se interrompendo o fluxo de sangue na região pelo fato de a pressão externa anular até mesmo a maior pressão que o organismo consegue imprimir sobre o vaso: a sistólica, que em condições normais situa-se em torno de 120 mm/Hg.
            Por outro lado, quando voltamos a diminuir a pressão sobre a artéria braquial até que mais uma vez nada se ausculte na fossa cubital, isso significa que chegou-se ao ponto em que mesmo a mínima pressão que o organismo exerce sobre o vaso é suficiente para garantir a continuidade do fluxo sanguíneo através dele: é a pressão mínima ou diastólica, que em condições normais situa-se em torno de 80 mm/Hg.
            Um quadro de hipertensão é aquele em que a pressão sanguínea do paciente mantém-se em níveis muito mais altos que o normal. É diferente de aumentos de pressão momentâneos, que ocorrem por exemplo durante um intenso esforço muscular. Um exemplo de indicador de hipertensão é o tônus dos músculos lisos que compõem a parede das artérias estar maior que o normal.

Cuidado para o cano não estourar!


O grande risco associado à hipertensão é o eventual rompimento de um vaso sanguíneo. A estrutura está recebendo mais pressão do que deveria, o que a deixa sujeita a não suportar essa condição e romper-se. E se levarmos em conta que essa estrutura pode ser uma artéria que irriga o coração ou o cérebro, perceberemos a importância de monitorar a pressão arterial.


Referências bibliográficas

Circulation – American Heart Association, link
http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/36/6/980.pdf  


British Medical Journal, link
http://www.bmj.com/content/322/7294/1110.extract


Biologia dos Organismos, volume 2 da série de Amabis e Martho para o Ensino Médio


Anatomia Orientada para a Clínica, Keith L. Moore


Postado por Guilherme Carvalho Stefani.

Apresentação

Bom dia, boa tarde ou boa noite, caríssimo internauta! Seja muito bem-vindo a um dos blogs de bioquímica da hipertensão da Universidade de Brasília!

Todo semestre os calouros de medicina e nutrição da UnB têm uma matéria chamada bioquímica e biofísica (vulgo biobio) em que um dos instrumentos de avaliação é a turma se dividir em grupos de 5 alunos que ficam responsáveis cada um por um blog de tema relacionado a bioquímica. Somos Bruna, Guilherme, Luísa, Natacha e Rebeca; calouros do 2º semestre de 2010. Nosso tema é "Hipertensão, saúde vascular e óxido nítrico", que fica simplificado pra bioquímica da hipertensão no nome do blog.

Ela tá tipo HIPERtensa, senhores!

Mesmo sendo um instrumento de avaliação, o intuito do blog é fazer uma ponte entre o conhecimento de alunos da UnB e a sociedade. Aqui nós postaremos informações do nosso tema que julguemos serem úteis pra você, seja para cuidar melhor da sua saúde vascular ou simplesmente para mostrar pros amigos que é sabido numa roda de chopp.

Esperamos que gostem. Boa leitura!