23 de nov. de 2010

Pressão Arterial

Assíduos e tesudos leitores do blog,


Faremos uma explicação geral sobre pressão arterial antes de colocar posts sobre saúde vascular e bioquímica da hipertensão propriamente ditos.
           
            O coração humano é dividido em quatro câmaras, sendo as duas superiores os átrios e as duas inferiores os ventrículos. O sangue chega ao coração pelos átrios, donde é bombeado para os ventrículos correspondentes e destes para os pulmões (ventrículo direito) e para os tecidos do organismo como um todo (ventrículo esquerdo).
            A contração alternada do músculo do coração (miocárdio) nas câmaras cardíacas superiores e inferiores aplica uma força sobre o sangue, que é transmitida à face interna dos vasos sanguíneos e gera pressão sobre eles. Sendo as artérias os vasos que recebem o sangue imediatamente após ele ter passado pelo coração, é mais fácil verificar a pressão sanguínea nelas.
            A contração das câmaras cardíacas recebe o nome de sístole e seu relaxamento, diástole. Durante a sístole dos ventrículos, a pressão sobre os vasos sanguíneos é máxima, e durante a sístole dos átrios – momento em que os ventrículos estão em diástole – é mínima.
            Um estudo realizado nos EUA mostrou que cerca de 25% dos pacientes apresentam uma pressão arterial maior quando a têm medida por um médico, o chamado efeito do jaleco branco. Para evitar erros decorrentes de tal circunstância, é mais recomendado realizar a aferição de pressão fora de um ambiente médico, em situação mais informal.


Eis um esfigmomanômetro aneroide.
Aaaaaaaahn, que bonitinho!

O aparelho mais comumente utilizado para aferir a pressão sanguínea é o esfigmomanômetro – sim, aquele pulseirão com uma bombinha e um reloginho tem esse nome comprido e esquisito, e o que costumamos usar é o do tipo aneroide (há os de mercúrio e os digitais também). O do tipo aneroide é composto por uma bolsa inflável que fica dentro de uma braçadeira, do bulbo (a bombinha) e de um manômetro, que é o reloginho medidor de pressão. Ele é usado com o auxílio de um estetoscópio, e são estes os passos para aferir a pressão com o aparelho:

1 – Prenda a braçadeira em torno do braço do paciente.
2 – Comprima o bulbo até que não mais se ausculte fluxo sanguíneo parcial na região da fossa cubital (a parte da frente do cotovelo).
3 – Leia a pressão medida nesse momento.
4 – Deixe a bolsa esvaziar. Num primeiro momento, será auscultado um fluxo parcial de sangue. Espere o momento em que, deixando a bolsa esvaziar progressivamente, mais uma vez nada se ausculte na fossa cubital.
5 – Leia a pressão medida nesse momento.

            A pressão lida no passo 3 é a pressão máxima ou sistólica, e a lida no passo 5 é a mínima ou diastólica. O esfigmomanômetro funciona baseado no princípio de que a pressão externa sobre um vaso sanguíneo – no caso a artéria braquial, principal artéria do membro superior – não pode ser maior que a interna para haver fluxo sanguíneo.
            Quando o fluxo do sangue por um vaso é constante ou ausente, nada se ausculta com um estetoscópio colocado sobre ele, diferente do que ocorre com um fluxo descontínuo. Ao comprimir a artéria braquial até que nada se ausculte na fossa cubital, está se interrompendo o fluxo de sangue na região pelo fato de a pressão externa anular até mesmo a maior pressão que o organismo consegue imprimir sobre o vaso: a sistólica, que em condições normais situa-se em torno de 120 mm/Hg.
            Por outro lado, quando voltamos a diminuir a pressão sobre a artéria braquial até que mais uma vez nada se ausculte na fossa cubital, isso significa que chegou-se ao ponto em que mesmo a mínima pressão que o organismo exerce sobre o vaso é suficiente para garantir a continuidade do fluxo sanguíneo através dele: é a pressão mínima ou diastólica, que em condições normais situa-se em torno de 80 mm/Hg.
            Um quadro de hipertensão é aquele em que a pressão sanguínea do paciente mantém-se em níveis muito mais altos que o normal. É diferente de aumentos de pressão momentâneos, que ocorrem por exemplo durante um intenso esforço muscular. Um exemplo de indicador de hipertensão é o tônus dos músculos lisos que compõem a parede das artérias estar maior que o normal.

Cuidado para o cano não estourar!


O grande risco associado à hipertensão é o eventual rompimento de um vaso sanguíneo. A estrutura está recebendo mais pressão do que deveria, o que a deixa sujeita a não suportar essa condição e romper-se. E se levarmos em conta que essa estrutura pode ser uma artéria que irriga o coração ou o cérebro, perceberemos a importância de monitorar a pressão arterial.


Referências bibliográficas

Circulation – American Heart Association, link
http://circ.ahajournals.org/cgi/reprint/36/6/980.pdf  


British Medical Journal, link
http://www.bmj.com/content/322/7294/1110.extract


Biologia dos Organismos, volume 2 da série de Amabis e Martho para o Ensino Médio


Anatomia Orientada para a Clínica, Keith L. Moore


Postado por Guilherme Carvalho Stefani.

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